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Fechamento de bilheterias no Metrô impacta idosos, diz sindicato

Funcionários apontam problemas como dificuldade de acesso a tecnologias pelos mais velhos e falhas em máquinas   

Postado [0DD] de [MM2], [YYYY]|06/12/2021 00:00:00

 

 

“O passageiro que quer comprar o bilhete [da passagem] terá uma dificuldade imensa porque as máquinas de autoatendimento não estão preparadas. O aplicativo também não funciona, então isso vai causar muito constrangimento, principalmente nos idosos, que têm um pouco mais de dificuldade no acesso à tecnologia”, afirma um supervisor de bilheteria que preferiu não se identificar e é dos funcionários do Metrô e da CPTM que contestam o fim do serviço nas estações.

O fechamento das bilheterias foi anunciado pelo governo de São Paulo no dia 4. O objetivo é encerrar o funcionamento de todos esses espaços no Metrô e na CPTM até o fim do ano, privilegiando a comercialização de bilhetes por meios digitais.

O Sindicato dos Metroviários calcula cerca de 2 mil demissões de funcionários em todas as estações da CPTM e Metrô. Já a gestão João Doria nega, afirmando que os funcionários ganharão novas funções e que serão extintos apenas contratos com empresas terceirizadas. De acordo com o governo, o fechamento deve gerar uma economia de R$ 100 milhões.

Efeitos

Além das demissões e a preocupação com o uso da tecnologia para a compra de bilhetes, há o receio de efeitos para outros funcionários e sobrecarga. “O problema vai estourar na mão da pessoa que trabalha nas catracas porque os passageiros terão mais dificuldade em carregar seus bilhetes”, relata Camila Lisboa, que trabalha no Metrô e está na coordenação do Sindicato dos Metroviários.

A decisão do governo do estado de São Paulo de fechar todas as bilheterias da CPTM e Metrô gerou, inclusive, algumas manifestações contra a ação.

Camila contesta o cálculo de economia de R$ 100 milhões anuais e opina que o dinheiro que hoje vai para funcionários acabará sendo destinado a empresa que faz venda de forma digital. “Qual é o custo disso? A população tem o direito de saber”.

Usuários

Com a mudança, os bilhetes para acessar as estações da CPTM e Metrô poderão ser comprados por meio do WhatsApp da empresa Top (11 3888-2200) com pagamento por Pix, ou pelo aplicativo da Top, que aceita apenas crédito e débito. Há ainda máquinas de autoatendimento e venda em estabelecimentos parceiros fora das estações.

O relato de problemas e o receio em relação a esses meios digitais não são apontados apenas pelos funcionários, mas também pelos próprios usuários. É o caso de Andressa Santos, de 23 anos, que mora na Freguesia do Ó, na zona norte de São Paulo, e trabalha como assistente administrativa na região do Morumbi, na zona sul.

Andressa conta que recebe o vale-transporte da empresa em débito, então precisa carregar constantemente o bilhete. “Diversas vezes eu fui usar as máquinas de autoatendimento das estações e estavam completamente travadas. Ou então eu realizava todo o processo para carregar o bilhete e travava logo depois do pagamento, não sabia se o crédito tinha caído ou não”, comenta.

Além disso, a assistente menciona que o uso da tecnologia deveria facilitar a compra dos bilhetes, mas não é o que acontece. “Esqueci meu cartão do Bilhete Único em uma outra bolsa um dia desses e, quando cheguei na estação, decidi comprar a passagem pelo QR Code através do WhatsApp da Top, e o processo é horrível. Precisa passar o nome completo, CPF, e-mail, até digitar tudo já cheguei atrasada no trabalho”, afirma.

Ela afirma ainda que, após passar os dados, o atendente digital da Top manda um código para que seja feito um Pix por meio dele, mas quando ela foi fazer o processo do pagamento no banco digital, constava que o código estava errado. “Eu só copiei e colei e deu erro”.

Camila Lisboa, que trabalha na coordenação do Sindicato dos Metroviários, ressalta as pessoas mais vulneráveis, que não têm celular ou acesso ao banco digital para realizar o Pix. De acordo com uma pesquisa feita em janeiro deste ano pelo Instituto Locomotiva, 34 milhões de pessoas em todo o país não tem acesso à serviços bancários. “Permitir pagamentos apenas por crédito e débito é um absurdo”, finaliza Camila.

Fonte – R7

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