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O impacto do isolamento social em idosos durante a quarentena

O impacto do isolamento social em idosos durante a quarentena

Postado [0DD] de [MM2], [YYYY]|21/07/2020 00:00:00

A terceira idade é um período de grandes transformações para o indivíduo. Isso inclui uma série de mudanças físicas, aposentadoria, doenças, afastamento ou perda de pessoas queridas, além de uma redução da independência e autonomia de modo geral.

As vicissitudes dessa fase da vida, de acordo com os psicólogos, fazem com que o sentimento de solidão se torne ainda mais agudo para quem já passou dos 60 anos, aumentando o impacto do isolamento na sua saúde mental.

Em tempos de pandemia e afastamento social mandatório, essa é uma preocupação cada vez mais presente entre os profissionais de saúde que monitoram pessoas nessa faixa etária.

Por fazer parte de um grupo com alto risco de contágio e agravamento dos sintomas da Covid-19, os idosos precisam ser observados de perto nesse momento em que manter-se afastado do convívio social é a melhor maneira de evitar a propagação da doença.

O fato é que a solidão na terceira idade já era um problema antes mesmo da pandemia do novo coronavírus, considerando o aumento na taxa de envelhecimento da população brasileira e no número de idosos vivendo em casas de repouso, muitos completamente abandonados pela família.

Mas agora esse problema ganhou uma nova perspectiva, com centenas de milhares de idosos tendo que interromper suas rotinas e atividades sociais para permanecer em casa.

Como a solidão afeta a imunidade

Pesquisadores da Universidade de Chicago descobriram que o isolamento pode aumentar o risco de morte em 14% nas faixas etárias mais avançadas.

Isso se deve ao fato de que a solidão é capaz de gerar no organismo uma reação de “lutar ou fugir”(fight or flight), que é característica de situações de alto estresse.

De acordo com a pesquisa, esse estresse acaba induzindo respostas inflamatórias que reduzem a produção dos leucócitos, responsáveis por defender o organismo de infecções.

Ou seja:

Ao mesmo tempo em que protege o idoso do contato com portadores da Covid-19, o isolamento pode estar contribuindo para reduzir sua resposta imunológica ao colocá-lo sob uma condição estressante.

Nos dias de hoje, o impacto do isolamento na imunidade dos idosos torna-se ainda maior se a pessoa tiver acesso constante a notícias (ou mesmo a informações falsas) que podem causar ansiedade e agravar o quadro de estresse.

Solidão, doenças crônicas e depressão

Recentemente, um grupo de pesquisadores da Universidade de York divulgou um estudo indicando que a solidão e o isolamento social podem aumentar o risco de doenças cardíacas em 29% e o de acidentes vasculares em até 32%.

No caso dos idosos, tanto o aumento da pressão e dos níveis de colesterol quanto a diminuição na capacidade cognitiva e o agravamento de quadros depressivos podem ser potencializados pela sensação de isolamento e solidão.

No que se refere à depressão, o isolamento social pode ser tanto um sintoma quanto um fator desencadeador da doença.

Isso vale especialmente para os idosos que estão acostumados a uma vida social mais intensa, como atividades em grupo e passeios ao ar livre, por exemplo.

Para quem está monitorando idosos nessas condições, é importante ter em mente que os sintomas depressivos nessa faixa etária podem ser diferentes dos encontrados nos indivíduos mais jovens.

Nos idosos, a depressão costuma afetar a memória e muitas vezes se reflete em sintomas físicos, como dor no corpo, perda de apetite e de sono.

Monitorando o impacto do isolamento em idosos

Em condições normais, as operadoras de saúde que possuem programas voltados ao público da terceira idade devem observar certos fatores que podem deflagrar uma condição de “solidão crônica”:

  • aposentadoria
  • viuvez
  • dificuldades motoras ou de percepção
  • depressão

Mas hoje, diante das medidas necessárias para conter a pandemia da Covid-19, o isolamento social obrigatório deve entrar também nessa lista.

Muitas operadoras já investem em espaços de lazer e de interação social, incluindo passeios e atividades em grupo, como ginástica, dança e trabalhos manuais.

O problema é que agora todas essas atividades devem ser interrompidas durante o período de quarentena, seja qual for a intensidade do afastamento social.

Afinal de contas, mesmo em uma situação de isolamento “vertical”, os idosos e pacientes crônicos continuam sendo o foco principal das medidas protetivas.

Monitorando o impacto do isolamento em idosos

Segundo dados do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da Organização Mundial da Saúde (OMS), o nível de estresse deve aumentar em todo o mundo em função do isolamento domiciliar e da disseminação de notícias imprecisas ou falsas.

Dessa forma, a entidade recomenda uma atenção especial aos idosos e às pessoas com condições de saúde pré-existentes, que podem se tornar mais ansiosas, agitadas e retraídas durante o surto.

Por isso, é fundamental que as operadoras de saúde contem com uma estrutura de telemonitoramento capaz de acompanhar à distância o impacto do isolamento nessas populações.

O contato telefônico periódico deve incluir não apenas protocolos para checar a presença dos sintomas da Covid-19, mas também para acompanhar o quadro de saúde mental do idoso.

Lembramos que a OMS enfatiza a importância de transmitir instruções claras de maneira concisa, respeitosa e paciente, buscando engajar a família e outras redes de apoio para ajudá-los a praticar medidas de prevenção.

Portanto, além de monitorar diretamente os idosos, as operadoras de saúde devem manter contato com cuidadores e familiares orientando para que fiquem atentos aos sinais de tristeza aguda nos idosos com quem convivem.

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